Seguidores

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Às vezes

Do lado de dentro os olhos fechados
Comprimem-se os gestos da vida e a palidez da pele
Por entre os dedos soltam-se fios brancos 
Saltitam poemas quais crianças vestidas de carmim
É manhã de oiro a que começa agora na hora do início
Jamais deixaremos de voar e transpor sol e o sangue e as lágrimas
Escorrem por teias douradas os últimos suspiros de um choro
Amansam nos regaços das mães 
os filhos sedentos do seu sabor
Colhemos rosas vestidas de seda e chuva
Descalços para sempre e livres 
Olhos fechados



Isaura M.Sousa

Gosto muita da Agustina Bessa-Luís


A Construção da Personalidade Criadora
A harmonia do comportamento social requer, todos o sabemos, tanto o isolamento como o convívio. Excessiva comunicação, debates exagerados de assuntos que requerem meditação e peso moral, avesso muitas vezes à cordialidade natural das afinidades electivas, não enriquecem o património de uma sociedade. Antes embotam e alteram o terreno imparcial da sabedoria. 
A solidão favorece a intensidade do pensamento; por outro lado, torna de certo modo celerado o homem que lida com a força material, com a técnica, com os outros homens. O impulso é a força que actualiza estas duas atitudes. Os ricos de impulso que se prontificam a uma reacção agressiva ou escandalosa, esses são associais especialmente difíceis. Todo o revolucionário é associal, se o impulso for nele um desvio da vida instintiva, e não uma atitude de homem capaz de obedecer e mandar a si próprio. 
«A felicidade máxima do filho da terra há-de ser a personalidade» - disse Goethe. Personalidade criadora, obtida à custa do ajustamento das nossas próprias leis interiores, que não serão mais, no futuro, forças repelidas ou encobertas, mas sim valiosas contribuições para o tempo do homem. Quando tudo for analisado e conhecido, só o justo há-de prevalecer. 

Agustina Bessa-Luís, in 'Alegria do Mundo'


Santo Agostinho

" Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto para alcançar a sabedoria "


   Santo Agostinho


Em Todas as Ruas te Encontro


Em Todas as Ruas te Encontro
Em todas as ruas te encontro 
em todas as ruas te perco 
conheço tão bem o teu corpo 
sonhei tanto a tua figura 
que é de olhos fechados que eu ando 
a limitar a tua altura 
e bebo a água e sorvo o ar 
que te atravessou a cintura 
tanto    tão perto    tão real 
que o meu corpo se transfigura 
e toca o seu próprio elemento 
num corpo que já não é seu 
num rio que desapareceu 
onde um braço teu me procura 

Em todas as ruas te encontro 
em todas as ruas te perco 

Mário Cesariny, in "Pena Capital"


Luz

Há sempre alguém (s) nalgum momento da nossa vida que é injusto, faccioso e pouco brilhante! Na minha vida também há "uns quantos" assim..., pena, muita pena é o que sinto. O meu sofrimento será um dia a minha glória. Não lhes devo rigorosamente nada, nem sei tampouco se os conheço ou se algumas vezes os vi ou se passaram por mim, pó. 
Amanhã o dia será outro dia, renovar-me-hei, estarei mais serena. Andarei na rua de cabeça erguida, para trás é pó, muito pó. Não devemos permitir que os nossos olhos e os nossos corações se turvem com a escuridão que insiste em ocultar a nossa LUZ. 





terça-feira, 29 de maio de 2012

Até Amanhã


Até Amanhã
Sei agora como nasceu a alegria, 
como nasce o vento entre barcos de papel, 
como nasce a água ou o amor 
quando a juventude não é uma lágrima. 

É primeiro só um rumor de espuma 
à roda do corpo que desperta, 
sílaba espessa, beijo acumulado, 
amanhecer de pássaros no sangue. 

É subitamente um grito, 
um grito apertado nos dentes, 
galope de cavalos num horizonte 
onde o mar é diurno e sem palavras. 

Falei de tudo quanto amei. 
De coisas que te dou 
para que tu as ames comigo: 
a juventude, o vento e as areias. 

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"


Quási


Quási
Um pouco mais de sol - eu era brasa, 
Um pouco mais de azul - eu era além. 
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... 
Se ao menos eu permanecesse àquem... 

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído 
Num baixo mar enganador de espuma; 
E o grande sonho despertado em bruma, 
O grande sonho - ó dôr! - quási vivido... 

Quási o amor, quási o triunfo e a chama, 
Quási o princípio e o fim - quási a expansão... 
Mas na minh'alma tudo se derrama... 
Entanto nada foi só ilusão! 

De tudo houve um começo... e tudo errou... 
- Ai a dôr de ser-quási, dor sem fim... - 
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, 
Asa que se elançou mas não voou... 

Momentos d'alma que desbaratei... 
Templos aonde nunca pus um altar... 
Rios que perdi sem os levar ao mar... 
Ansias que foram mas que não fixei... 

Se me vagueio, encontro só indicios... 
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; 
E mãos de herói, sem fé, acobardadas, 
Puseram grades sôbre os precipícios... 

Num impeto difuso de quebranto, 
Tudo encetei e nada possuí... 
Hoje, de mim, só resta o desencanto 
Das coisas que beijei mas não vivi... 

. . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . 

Um pouco mais de sol - e fôra brasa, 
Um pouco mais de azul - e fôra além. 
Para atingir, faltou-me um golpe de aza... 
Se ao menos eu permanecesse àquem... 

Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão'


Borges

Do que Nada se SabeA lua ignora que é tranquila e clara 
E não pode sequer saber que é lua; 
A areia, que é a areia. Não há uma 
Coisa que saiba que sua forma é rara. 
As peças de marfim são tão alheias 
Ao abstracto xadrez como essa mão 
Que as rege. Talvez o destino humano, 
Breve alegria e longas odisseias, 
Seja instrumento de Outro. Ignoramos; 
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta. 
Em vão também o medo, a angústia, a absorta 
E truncada oração que iniciamos. 
Que arco terá então lançado a seta 
Que eu sou? Que cume pode ser a meta? 

Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda"


21


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Outra Sugestão







Eu adoro!

Truques

Com a ajuda de alguns adornos ou de simples peças de vestuário podemos sentir-nos mais bonitas.
Muitas vezes os dias menos simpáticos ficam mais leves. Truques! 

Saudades





Hoje só tenho muitas
Saudades do Sul!
Saudades do Sol!
Saudades do Sal!
Saudades do Azul!
Saudades da minha casa com portas azuis!

Surpresa!

A minha mãe não sabe que eu estou a escrever este post por ela.
Estivemos juntinhas (as três meninas) este fim de semana, foi um fim de semana maravilhoso. Não só porque eu adoro as minhas lindas mas também porque a minha SUPER mãe me ajudou a ter uma 'casa nova'. Eu nem sei como é que ela conseguiu, de certeza que foi magia de mamã!
Muitos beijinhos Milas, amo-te muito!


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Roupitas que adoro





Vou procurar umas Levis, ai isso é que vou!




Anseio pelas férias!


Muitos ganchos coloridos para me atrever com os jeans!





Calor

Sol, mar,sol,mar, etc...

Quinta feira

Uma simples camisa branca com um apontamento de Sofia Godinho (colar).
Só anseio para que esteja sol!




Umas calças de bolas (que eu amo) Purificacion Garcia


Louise Bourgeois


Louise Bourgeois em 1990 com a sua escultura de mármore Eye to Eye (1970)
Foto Raimon Ramis
© Adagp, Paris 2008

terça-feira, 22 de maio de 2012

Cartagena

Gentes de Gabriel Garcia Marquez

Este seria um dos meus destinos de férias, sempre à procura do Sol nas suas inúmeras formas.
Lugares de gente remota, escondida, silenciosa e secreta..

Meditação do Duque de Gandia Sobre a morte de Isabel de Portugal

Nunca mais

A tua face será pura, limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.

Sophia de Mello Breyner

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Papoilas

Agostinho da Silva dizia que "as papoilas são as mais belas flores por se tratarem das mais efémeras".


Eu acho que era verdadeiramente sábio!

A sobremesa cá de casa


Caminhando em Frente

O nosso caminho faz-se caminhando, sempre sem olhar para trás. Buscamos a sabedoria, a perfeição. Seguimos em frente para cultivar o amor ao próximo, a amizade, a solidariedade e a mais profunda beleza das coisas. Penso que esse é o nosso destino, o nosso "ofício", a nossa fortuna. Ter essa possibilidade é simplesmente ter nas mãos a possibilidade de ser FELIZ. Tudo quanto queremos e podemos transformar nas nossas vidas. Na nossa casa e no nosso trabalho. A boa disposição, a nossa alegria acabará por ser contagiante por ser verdadeira e tudo será mais fácil. Amen!


Urbano Tavares Rodrigues


Existencialismo e Neo-realismo
Eu regressei a Portugal e comecei a trabalhar como jornalista no Diário de Lisboa. Isso deu-me uma imagem da vida e do poder. O fascismo português repugnava-me. Eu tinha uma ânsia de luta enorme que faz com que escreva livros de resistência que se confundem com o Neo-realismo, um período onde escrevi “Uma pedrada no Charco”, “Os insubmissos”. No entanto, mesmo nesse período, nunca abandonei características que não são neo-realistas, como a convicção de que não se pode separar o conteúdo da forma, quer dizer, tenho preocupações estéticas ao nível da linguagem que o Neo-realismo nunca teve, ou teve muito pouco. Por outro lado, não tenho um herói colectivo e os meus livros desaguam muitas vezes em zonas muito sombrias. Em relação ao povo tenho quase sempre uma visão subjectiva que não é própria do Neo-Realismo e aparece apenas, em certa medida, em Carlos de Oliveira, que é um Neo-Realista muito sui generis. Nunca cheguei a ser verdadeiramente um Neo-Realista. Fui, sobretudo, um escritor de resistência que, por vezes, se pode confundir com o escritor neo-realista.
Um pequeno tributo meu a um grande escritor português. Conheci-o pessoalmente, isso permite-me a sensibilidade e o particular carinho que nutro por Urbano.
Gostaria de publicar muito mais do que esta simples amostra. Fica prometido que voltarei ao Urbano Tavares Rodrigues.





domingo, 20 de maio de 2012

Há Palavras que nos Beijam como se tivessem Boca

Há palavras que nos beijam 
Como se tivessem boca, 
Palavras de amor, de esperança, 
De imenso amor, de esperança louca. 

Palavras nuas que beijas 
Quando a noite perde o rosto, 
Palavras que se recusam 
Aos muros do teu desgosto. 

De repente coloridas 
Entre palavras sem cor, 
Esperadas, inesperadas 
Como a poesia ou o amor. 

(O nome de quem se ama 
Letra a letra revelado 
No mármore distraído, 
No papel abandonado) 

Palavras que nos transportam 
Aonde a noite é mais forte, 
Ao silêncio dos amantes 
Abraçados contra a morte.



Alexandre O'Neill

Quem não Ama a Solidão, não Ama a Liberdade

                                                            

Quem não Ama a Solidão, não Ama a Liberdade


Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças (high life), pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas. 
Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas acções, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo. 


Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.
A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exacta do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é. 


Ademais, quanto mais elevada for a posição de uma pessoa na escala hierárquica da natureza, tanto mais solitária será, essencial e inevitavelmente. Assim, é um benefício para ela se à solidão física corresponder a intelectual. Caso contrário, a vizinhança frequente de seres heterogéneos causa um efeito incómodo e até mesmo adverso sobre ela, ao roubar-lhe seu «eu» sem nada lhe oferecer em troca. Além disso, enquanto a natureza estabeleceu entre os homens a mais ampla diversidade nos domínios moral e intelectual, a sociedade, não tomando conhecimento disso, iguala todos os seres ou, antes, coloca no lugar da diversidade as diferenças e degraus artificiais de classe e posição, com frequência diametralmente opostos à escala hierárquica da natureza. 
Nesse arranjo, aqueles que a natureza situou em baixo encontram-se em óptima situação; os poucos, entretanto, que ela colocou em cima, saem em desvantagem. Como consequência, estes costumam esquivar-se da sociedade, na qual, ao tornar-se numerosa, a vulgaridade domina. 


Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'Tema(s)

sábado, 19 de maio de 2012

Santo Sábado

Por estas terras o frio voltou. O sábado tem a magia de ser o primeiro dia do meu contentamento e do "meu pedacinho de céu" também. Não há o trabalho do "emprego" nem a escolinha. É uma alegria! Ontem a minha "bisacínha" até me confidenciou: - podemos estar na caminha a conversar e a jogar às palavras porque não temos que nos levantar cedo...Confesso que as suas palavritas são o meu alento! A minha menina tem uma sensibilidade que me emociona...
Apesar de tudo, acordámos cedo e pusemo-nos a pé.
Fomos à praça fazer umas comprinhas frescas, de legumes, frutas da época (cerejas e morangos) e voltámos felizes.Fomos comprar o jornal e uma revistita (vício que não abandono).
Agora cá estamos de novo a apreciar a companhia uma da outra e a sorver o bem destas 4 paredes.
Bom Sábado!



quinta-feira, 17 de maio de 2012

Para ti

Já cheguei ao "Lar", sensação boa que todos conhecemos e experiênciamos. Chegar aqui hoje custou mais do que nos outros dias. O meu "Lar" está um pouco por toda a parte, está onde me encontro depois de um desencontro, está onde chego depois de ter partido, onde recomeço depois de ter acabado. É assim para todos nós o regresso ao "Lar". Uma casa, uma praia, um livro, uma história, uma pessoa. É aqui que moro, muitas portas e janelas tem esta casa onde me vejo, onde me resguardo e desespero. O meu "Lar" é a minha vida, sou eu e todos os outros "eus" que também sou eu.
Cheguei, só isso basta-me!



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Brincar e sonhar

E que tal se fossemos pensando em "fabricar" umas coisinhas novas para a nossa casita? Para as nossas meninas e meninos ? Só custa começar, depois habituamo-nos, torna-se uma paixão. Eu não consigo resistir mexer em trapos e colagens. Conseguem-se fazer coisinhas admirávelmente lindas e pessoais. Decoramos a casa, fazemos presentinhos para os amigos e amigas, e....ficamos muito felizes quando descobrimos que somos capazes. É como se voltássemos a ser crianças divertidas a brincar. Eu e as minhas meninas fazemos muito isso! Verdadinha !



terça-feira, 15 de maio de 2012

Pequeno almoço em família

Hoje, dia da família uma sugestão para um pequeno almoço em família.


Com corn flakes ou flocos de aveia e iogurte natural. Podem juntar amoras e framboesas, fica melhor.
Experimentem.
As qualidades são imensas, o sabor uma delícia!

A menina da bicicleta

























Só para partilhar a beleza da foto e do momento!
Apetece-me ter férias...e quem sabe partir de bicicleta!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Talentos da minha mãe


Está a ser muito motivante e curioso confidenciar neste blog muita coisa de que gosto.
Hoje vou publicar coisas lindas que a minha mãe foi fazendo ao longo dos anos. Eu sou uma apaixonada pelos seus trabalhos, pela sua delicadeza e pela ternura e histórias que encerram. Existem muitos talentos que "se ficaram", não tiveram oportunidade de ser acompanhados. Isso não retira o mérito e a criatividade. É a minha muito modesta opinião.




domingo, 13 de maio de 2012

Dia Novo













Amanhã será um dia novo e não um novo dia.
Vamos dormir um sono tranquilo, sonhar com borboletas e campos de papoilas. Prometo que vai ser assim o meu sono. O meu e o do meu "pedacinho de céu".

Luz



Há fins de semana que emanam luz. É tão simples ser feliz!
Estar com as minhas filhas, vê-las sorrir, brincar, ver na mais pequena a admiração pela irmã mais velha. A mais velha a delícia do olhar e a paixão pela sede de crescer da mais pequenina.
Basta estar junto de quem se ama para se ser feliz! 



sábado, 12 de maio de 2012

Beleza


À beira rio

É mais fácil de longe imaginar
o que seria ter-te aqui presente
do que seria ter-te e não saber
com que forma de corpo receber-te.
Talvez um amplo véu oriental
ou o brilho mental de uma armadura
me deixassem arder sem ser molesto
no lume horizontal de uma figura.
Se te vejo, já está o meu desejo,
enquanto estavas longe, satisfeito,
no teu olhar encontro tudo quanto
à altura de amor é mais perfeito.
E no entanto, perto, fico incerto
se não é melhor bem o que imagino.

do livro Duende

De António Franco Alexandre

Princípio


 Silenciamos o rosto, mostramos as flores.