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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Urbano Tavares Rodrigues


Existencialismo e Neo-realismo
Eu regressei a Portugal e comecei a trabalhar como jornalista no Diário de Lisboa. Isso deu-me uma imagem da vida e do poder. O fascismo português repugnava-me. Eu tinha uma ânsia de luta enorme que faz com que escreva livros de resistência que se confundem com o Neo-realismo, um período onde escrevi “Uma pedrada no Charco”, “Os insubmissos”. No entanto, mesmo nesse período, nunca abandonei características que não são neo-realistas, como a convicção de que não se pode separar o conteúdo da forma, quer dizer, tenho preocupações estéticas ao nível da linguagem que o Neo-realismo nunca teve, ou teve muito pouco. Por outro lado, não tenho um herói colectivo e os meus livros desaguam muitas vezes em zonas muito sombrias. Em relação ao povo tenho quase sempre uma visão subjectiva que não é própria do Neo-Realismo e aparece apenas, em certa medida, em Carlos de Oliveira, que é um Neo-Realista muito sui generis. Nunca cheguei a ser verdadeiramente um Neo-Realista. Fui, sobretudo, um escritor de resistência que, por vezes, se pode confundir com o escritor neo-realista.
Um pequeno tributo meu a um grande escritor português. Conheci-o pessoalmente, isso permite-me a sensibilidade e o particular carinho que nutro por Urbano.
Gostaria de publicar muito mais do que esta simples amostra. Fica prometido que voltarei ao Urbano Tavares Rodrigues.





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